terça-feira, 22 de março de 2011

Um jantar...


Eu quis fazer um jantar especial para uma pessoa especial. Mas a primeira pessoa que apareceu pra pôr tudo a perder foi o Murphy. Sim! Ele mesmo, o autor daquela maldita lei que diz: se algo tiver a mínima possibilidade de dar errado, certamente vai dar errado.
Bom, eu não tava preocupado com isso (até ele aparecer...). Se desse errado, desde que desse, tava tudo certo! Fora forrar o estômago com coisas boas meu interesse era passar a pós-digestão toda na horizontal...
Decidi, como um bom chef que sou, que faria uma carne ou algo assim. Vislumbrei o trabalho e aquela famosa frase: ‘Ai! Não como carne." Tratei logo de ligar para saber se podia abater o boi... Nada. Caixa postal.
Decidi largar o boi no pasto e ir até o rio pescar, claro! Um peixe sempre vai bem, ainda mais que sempre seguido de uma bela salada e de um arrroz branco básico. Tava decidido, eu ia fazer o peixe. Peguei meus apetrechos e fui pescar. Logo de cara fisguei um salmão lindo, gordo, saudável, e disse logo prá Neturno: Limpe o peixe que vou levar! Assim que Netuno limpou, saí da beira do rio e fui até a mãe natureza, colher as saladas (alface, rúcula, tomate, cebola e bacon bem pequeno); de lá, fui direto prestar contas ao caixa do mercado e saí feliz da vida...
Temperei o mais ilustre membro da família dos Salmonidae e já tracei a meta de assá-lo devagar, sempre regando com um azeite português com alho, alcaparras e mais um segredinho do chef...
Ao que parecia tudo estava indo as mil maravilhas, eu já estava tendo alucinações com a noite e tudo que poderia acontecer... Deixei o peixe no fogo baixo, limpei a salada toda e coloquei num tupperware da hora. Ééééé! Homem com muito tupperware em casa faz sucesso! Heuehuhhuheuheuhe! — Só não entendi a fixação das mulheres com eles e menos ainda porque elas colocam os tupperware numa gaveta e as tampas em outra...
Dei uma geral no cafofo que, apesar de limpo, sempre é bom manter as coisas na mais perfeita ordem, e fui tomar um banho, um banho daqueles que a gente toma quando vai no casamento da irmã, bodas de ouro da tia, essas coisas... Sabão e bucha vegetal até onde a pele é sensível, tudo pra agradar! Cheirar bem é necessário nessas horas, mulher age muito com o nariz e com os olhos... Se vc cheirar bem e se vestir bem, tá tudo certo! Pode até parecer o Quasimodo que elas nem notam...
Já no banho me dei conta da fragilidade das minhas cuecas. Não dá prá me sentir numa noite de gala se a cueca estiver indo num baile funk... Já peguei um pacote com 3 novinhas (prevenido), me desfiz das outras meia-boca e pronto, tava tudo certo! Era chegado o grande dia.
Escutei uma buzina em frente ao portão e fui abrir, claro! Cheguei lá e me deparei com um congresso de senhoras loucas, solteiras e com fome. O estômago já rangeu de raiva e os olhos passaram a lacrimejar, sabe, tipo choro sem soluço... Eram apenas 6 senhoras, distinas, uma de cada cor, de cada credo e de cada educação singular... A que mais me chamou a atenção foi uma ruiva, chamada Dominica, branca que nem uma vela de 7 dias, com os cabelos vermelhos, vermelhos, que dava a impressão que tinha acabado de ser aceso.
Mesmo com a descendência lusitana, ela insistia em dizer só uma palavra em português: Porra!!! Inacreditável! Era porra prá cá, porra prá lá, porra, mas que porra! E tirando a porra eu não entendia patavinas do que ela falava, era um misto de espanhol com esperanto, regado a sotaque português e vinho tinto (nacional) que por sinal... era meu e ela lá no dialeto etílico e eu o monossilábico concordar sempre, afinal era terreno amigo, cercado de inimigos por todos os lados.. e eu na minha santa paciência dizia: Hum, hum. Sei, sei... Ahhh, nossa! Poxa vida! Interessante! Mais que isso ia ser um Deus nos acuda! Ia ser baixaria mesmo, porque eu estava centrado (calmo o cacete!!!!), disposto a ver onde isso ia dar, mas se me chamassem pra conversa eu ia ser desagradável...
E a quantidade de assunto que emana dessas senhoras era algo como uma tarde no INSS pra dar entrada na aposentadoria. Anos e anos de histórias, acontecimentos, pensamentos, metáforas, ditados, risadas e palavrões, saíam palavrões pra todo lado; às vezes, alguém lembrava que eu tava lá e falava: Nossa! O moço vai achar que a gente é maluca...
ACHAR?? Eu tenho certeza que vocês são fugitivas do manicômio judiciário!
Sem falar que estavam dentro da minha casa, comendo a minha comida, me impedindo de comer alguma coisa e alguém também, e sequer tiveram a descência de decorar meu nome... Passaram lá bem umas 5 horas (das 8h às 1h da madrugada, diga-se...) juro, que se eu não tivesse obrigações para com a proprietária do imóvel, eu ia dar um rolê pela cidade e só voltaria uns 15 dias depois.
Até que, não sei porque cargas d´água, resolveram ir embora... TODAS!! Sem exceção, afinal a lotação que levava a metade pro Instituto Butantã e a outra metade pro Instituto Charcot era quem eu tava querendo pegar, o real motivo de eu estar lá vendo uma invasão de hienas entupidas de prozac e quieto, era justamente o finalmente da coisa, a prática do crescei e multiplicai — sem multiplicar, claro! Confesso que fiquei em choque. Levei pelo menos 1 dúzia de beijos no rosto, elogios a minha culinária e ao meu bom humor (hehehehehe, bom humor...) e pronto, do jeito que vieram, se foram, inclusive o objetivo da noite... Foi... Assim, sem mais nem menos...
Fechei o portão, subi as escadas, liguei a tv e fiquei lá... Pelo menos uma hora, catatônico, tentando descobrir o que foi mesmo que aconteceu. Tinha uma coisa que me incomodava, mas eu tava numa situação psicológica tão deplorável que nem dei conta de que o que tava me incomodando, e fazia tempo, era porcaria da cueca nova que enfiou-se por debaixo da bunda e entre a coxa e lá fixou residência. No afã de servir às pessoas, não ser mal educado com ninguém e acima de tudo não enlouquecer, nem dei conta que a maldita cueca, como um assassino silencioso ia ganhando território e criando fendas. Tomei consciência disso quando fui tomar outro banho...Frio, desta vez.
Foi só a água gelada bater em cima de onde a maldita fez o estrago e pronto, dói demais, dificil é passar o sabonete então... Bom, deixa isso prá lá...
Desiludido e cansado, ainda ouvia dentro da cabeça os ecos das risadas, as histórias e tudo mais; num consenso geral até que foi uma noite legal, bem divertida e espontânea. Deitei e já vendo mais uma reprise de O Dia Depois de Amanhã (Sugestivo, né?) tentei dormir e o telefone toca. Atendi, era o meu alvo do dia, pedindo desculpas pela invasão, dizendo que eram amigas de muito tempo e que não tinha como dispensar, até por que elas são indispensáveis, incaláveis e comem como um batalhão do exército.
Nem dei bola, né? Já eram 3h da madrugada. Disse que tudo bem, que essas coisas acontecem (acontecem??? Comigo acontecem, sempre...) e disse boa noite...

4 comentários:

  1. PQP³! Hahahahahaha! O mestre cuca todo empenhado e um azar desse? O episódio da cueca e da tropa lunática é o melhor! Rachei de rir! Hahahaha! Putz! Só com você mesmo, Jorge!
    Beijos.

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  2. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    eu me compadeço da sua dor, amigo...
    mas eu insisto, realmente há cenas que eu não preciso visualizar... vc tem q se controlar.. assadura já é demais... assim não dá...
    kkkkkkkkkkkkkkkkkkk

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  3. "branca que nem uma vela de 7 dias, com os cabelos vermelhos, vermelhos, que dava a impressão que tinha acabado de ser aceso.' tsc tsc.. perdeu todos os pontos comigo!!!!!!

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  4. kkkkkkkk levar as amigas puxa vida isso foi terrivel..kkkkkkkk gostaria de saber o final dessa lastimavel historia...teve outro jantar ?????continua sendo especial a amiga????e a cueca, vc pos fogo???kkkkkkkkkkkk

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