Dividi esse em partes, ia publicar um de cada vez, mas resolvi por tudo ai, e estando dividido você não se cansa quando estiver lendo. - JP²
Mar revolto - Parte 01
Hoje vamos falar dos prazeres da vida, de viajar, de comer bem, de visitar lugares indiscutivelmente lindos. Quem não gosta de passar uns 15 dias por aí, pelo mundo, só vendo a vida passar, sem maiores problemas, os 15 dias da vida inteira?
Quando chegou minha vez dos 15 dias já estava com tudo planejado, passagem comprada, ida e volta paga, hospedagem confirmada e paga, rolês e baladas todos programados... Fiquei o ano todo pagando e planejando a viagem, tomei muita vitamina, complementos alimentares, sem tomar friagem, dormi bem... Tudo para que na data eu estivesse muito bem e na fissura desse rolê que era pra ser o rolê da minha vida.
Entrei de férias, peguei o avião e desembarquei em Salvador. Saí do aeroporto e dei de cara com um táxi vazio, só faltou ter meu nome na plaqueta... E o motorista??? Gente boa, cabelo rasta, falava bem... Tava mais pra um vendedor de seguros. Me deu dicas de todas as baladas que bombam em Salvador até as mais seletas, onde só vai o povo bonito e cheio da grana... Que não é meu caso, nem em um nem no outro. Mas, com o bolso cheio (juntei um ano, lembra-se???), na escuridão da balada.. Vixe! Quero nem ver...
Desci no hotel. Estava num astral tão bom que, fora a corrida, ainda dei R$ 50 de caixinha pro cara. Ele me deu um cartão e disse: Patrão, se precisar de mim, to on-line 24 horas. Diz aí! Me senti o patrão mesmo...
E o hotel? Hotel Atlantic Towers Salvador, um luxo só! Até as camareiras do lugar são bonitas. Tava me sentindo um duque de tanta mordomia e conforto.
Como eu havia chegado pela manhã, tratei logo de ver o cardápio do almoço, tinha que estar firme e forte pra primeira noite em terra soteropolitana... Havia uma infinidade de coisas comestíveis e eu, na condição de pobre profissional, liguei na recepção, pedi pra falar no restaurante e tratei de saber o que seria sugerido pelo chef para o almoço. Então, como o sotaque paulista entrega o cara, se ligou que de Bahia eu não entendia nada, explodindo no conhecimento uma ou outra música da Ivete Sangalo. O cara despachou o cardápio regional e disse que se era pra experimentar e se deliciar, eu deveria comer uma MANIÇOBA. Claro que eu perguntei do que se tratava, sou paulista desconfiado, hehehehe. Ele me disse que era uma feijoada típica do Pará, que era muito melhor que a feijoada típica... Eu, todo turista, encomendei o prato, deitei naquela quadra de futebol society que chamam de cama, liguei a TV de 8.467 polegadas e fiquei lá...
Meio dia e um... Toca a campainha da porta. Era o rango... Já pedi logo um suco de MANÁ-CUBIU com abacaxi. Um não, dois! Diante de uma MANIÇOBA, só um suco de MANÁ-CUBIU com abacaxi.. Tá pensando o quê? Sei das coisas... Faminto! Essa era a palavra que rosnava pela minha cabeça desde que desliguei o telefone... Diante da visão do rango espetacularmente colocado em cumbucas e generosamente servido, senti que devia ter avisado o cara que era só pra mim e, a julgar pela quantidade de rango, ele pensou que era pra algum congresso. Mas tava ali, se sobrasse tava na conta já... Aliviei o sentimento de culpa e passei tudo que cabia pra dentro, comida pesada. Logo veio o sono. Briguei com ele uns 40 minutos pra não dormir de barriga cheia, depois me entreguei e, olha, até sonhei...
Acordei lá pelas 8 da noite pensando em pedir o jantar... Quem sabe agora eu não pedia uma GALINHA DE CABIDELA ou uma MOQUECA DE ARATÚ e mais um suco de MANÁ-CUBIU com abacaxi ou, quem sabe, com limão, maçã, com leite ou um de qualquer coisa com qualquer coisa, tava no preço mesmo...
De verdade, a mente do ser humano é algo impressionante. A velocidade com que processamos as informações e mandamos nosso corpo executar certas tarefas desmontam até o mais moderno dos processadores.
E foi nessa hora que percebi a informação, processou, mandou pro HD, mandou um ctrl+S e... Fodeu!!!
A MANIÇOBA deu sinais verdadeiros de que jamais iria dar espaço pra GALINHA DE CABIDELA e muito menos se socializar com a MOQUECA DE ARATÚ... E mais, o diabo do suco de MANÁ-CUBIU com abacaxi estava do lado dela, e diante do quadro de insatisfação com meus pensamentos, tomou forma a maior revolução, de passeatas a confronto direto, me senti em meio a revolução de 32 com o almoço metendo bala pra todos os lados e eu, sem ter onde me esconder, fazia zig-zags tentando fugir das balas perdidas... Assumi a postura de governador do Estado e resolvi enfrentar o problema, fui até o gabinete despachar um ofício para que os amotinados fossem contidos e enviados vaso abaixo.
Ledo engano! Quem achou que a postura de ditador e chefe do estado seria capaz de resolver esse "pequeno" incidente? Foi tentar dispensar a multidão e ela, em fúria, se voltou contra mim... Tive cólicas tão intensas que hoje sou um entusiasta do parto sem dor. Nove horas após a ingestão do suculento almoço, ele não dava sinais de que haveria de começar a digestão em algumas horas... Tava lá, tudo parado, no mesmo lugar e não se ouvia uma notinha em Dó de um início de alivio, era apenas o peso e os gases que se acumulavam pelo estreito espaço que ainda existia no estômago.
Tentei pôr a cabeça no lugar e fiz o que seria mais certo: liguei na recepção, expliquei a situação e pedi um antiácido ou qualquer coisa milagrosa que pudesse aliviar. Senti um ar de descaso e tive certeza que fui motivo de risadas das pessoas que me atenderam. Pessoas sim, porque passei por mais de 5 até chegar em alguém que se dispusesse a me ajudar. Logo chegou ao quarto uma senhora de uns 875 anos e meio, vestida com o uniforme do hotel adaptado ao estilo das baianas de escola de samba, acho que ela saía dali e ia vender seus acarajés com a facilidade de nem trocar de roupa.
Entrei em pânico quando vi que ela trazia um copo daqueles de milk shake cheio até a borda de um líquido verde e pastoso.. Imaginei que aquilo quando entrasse iria se associar ao que já estava lá e certamente a morte seria lenta e dolorosa... Gritei (gritei mesmo!) pra ela nem entrar que eu ia perder o juízo e descer o braço nela... Afinal, nem ao pé do Monte Vesúvio pronto pra explodir eu tomaria mais alguma coisa naquele lugar.
Claro, a tia era escolada nos turistas que se viam num verdadeiro trabalho de parto pra por prá fora as "delícias exóticas" que insistiam em comer... Na cola dela entraram dois negrões, mas negrões mesmo, um misto de Terry Crews com Anderson Silva e uma pitada de vontade de zuar o paulista. Os caras chegaram, chegando, e eu (não me entrego fácil!) e já me armei pra sair no braço com os dois leões de chácara...
Pra minha surpresa foi muito mais fácil do que parecia. Em menos de 4 segundos, estava eu cheio de lágrimas nos olhos, tomando aquela poção mágica e dizendo aos negrões: Desculpa aí, foi só o desespero... No que eles me olhavam e nem falavam nada.
Pra minha surpresa foi muito mais fácil do que parecia. Em menos de 4 segundos, estava eu cheio de lágrimas nos olhos, tomando aquela poção mágica e dizendo aos negrões: Desculpa aí, foi só o desespero... No que eles me olhavam e nem falavam nada.
Tomei o bagulho que miraculosamente aliviou em 20% as contrações e parecia que havia aberto espaço para que os gases fluíssem com mais liberdade. E pode por liberdade nisso! Não tinha aviso, nem mesmo aquela pressão básica que diz: Tô chegando! E você se prepara pra deixar ele por aí, num ambiente onde você teve tempo de ver a saída mais próxima. Do jeito que vinha passava direto, nem a bermuda florida que adquiri pra curtir a praia amenizava a coisa, graças ao potente "resolvedor de problemas" da tia. É, você está rindo, mas quando eu falei que não tinha aviso eu não estava brincando.
Bom, Salvador, praia, hotel, tudo pago... Vou aproveitar e pôr o corpo em dia (pelo menos por fora...).
Adotei o step, falei pra todos do hotel que ia fazer step todos os dias, duas ou três vezes por dia, passei a subir e descer do hotel pelas escadas, por puro medo de estar com alguém no elevador. Chato era quando eu pensava no alívio reservado, parava entre o quinto e o sexto andar onde o ar circulava com mais facilidade e relaxava, no meio do descarregamento aparecia a porcaria do gerente que ficava o dia todo olhando tudo e todos... Claro que ele passava e muito educadamente me comprimentava, mas eu cheguei a ver lágrimas nos olhos dele enquanto acelerava o passo pra passar logo por ali.
O Inferno de lava - Parte 02
Certo que durante uns três ou quatro dias evitando os excessos e com o exercício diário fui ficando melhor. Abusado como sempre, achei que não tinha nada demais ir comer um acarajé num local tradional e lá fui eu com a cara e a cara, porque a coragem devia estar flutuando entre o quinto e o sexto andar do hotel. Cheguei num local, indicado pela minha salvadora, a tia de 875, que se chamava Deolinda. Sentei lá e mandei um acarajé, QUENTE. Rá! Sou cabra macho, adoro pimenta e não ia deixar de experimentar uma pelando de quente.. E foi com essas palavras que pedi aquela delícia, claro, as baianas todas se entreolharam, não estavam muito propensas a acreditar em um branquelo (É! Em Salvador sou quase alemão...) metido numa bermuda tipicamente de turista que tava lá cheio de marra, pedindo um acarajé pelando de quente... Então tá, pediu, elas fazem...
O lugar tava apinhado de gente... 78,47% de mulheres, confesso que fiquei puto porque não tinham me dado essa dica ainda. Ficaria muito mais se tivessem dado porque, na situação debilitada em que eu me encontrava, só me faltava uma pessoa pra sair bradando pra toda a cidade que eu estava em plena erupção...
Bom, chegou o acarajé, enorme... Tinha um camarão em cima que parecia de plástico de tão grande. Lá nos meus pensamentos: Aí, hein? Perdeu a vez pro Sebastião com a pequena sereia... E no silêncio que se seguiu fiz uma oração pelo pobre enfeite e tratei logo de apreciar a comida.
Tava pelando! Foi como beber lava direto na fonte, a iguaria começou a queimar a uns 10 centímetros antes de eu pôr na boca e de lá em diante foi só fogo. A pimenta era forte de um jeito que, mesmo eu lá fazendo pose de mal, as lágrimas que brotaram dos meus olhos não enganavam ninguém. Vi um riso aqui outro ali, mas mandei tudo prá dentro e ainda sorvi o camarão com gosto. Gente besta eu conheço pelas atitudes e ali, dentro do quiosque, não tinha uma maior que um paulista, trajando roupas de turista e todo metido a besta com dedão levantado dizendo: Veja mais uma dessa pra mim, por favor, mas, por favor, capricha dessa vez!
Meu, tá louco? Esse foi o pensamento, mas minha boca é 400 vezes mais rápida que meu cérebro, já tinha pedido, alto, talvez, inconscientemente tentado arrebanhar um pouco de respeito pra mim, pela moral da minha cidade e por todos os meu conterrâneos. Trinta segundos foi o que demorou pra chegar a resposta de Salvador para São Paulo. E lá estava eu com um sorriso amarelo (amarelo pimenta, claro...) na cara olhando um acarajé que era muito maior que o outro, e no meu íntimo eu pedia a Deus que naquele dia, os pescadores tivessem pegado os maiores camarões da vida deles. Mas quem eu queria enganar? O primo do Sebastião era do mesmo tamanho, monstruoso, e o acarajé muito, mas muito mais monstruoso ainda e, com a certeza dos que vão morrer de véspera, a pimenta deveria estar na mesma proporção.
Maldito dedo e maldita boca. Onde já se viu dizer pra mulher caprichar DESTA VEZ! Você é burro demais, JP! Vai sair daí com os intestinos num copo descartável. Eu não sou de crer em fantasmas e espíritos, mas desta vez tive uma visão e uma certeza. Lá pela metade do acajaré eu vi meu espírito sair do meu corpo, sentar na cadeira de frente pra minha com um olhar de reprovação. Aí tive certeza que se eu morresse iria assombrar aquela maldita cozinheira e mais, iria impedir a entrada dela no céu por tentativa de assassinato. Lá estava eu, cheio de lágrimas nos olhos, mastigando com todas as forças e rindo, mas uma risada louca, de quem não tem nada a perder ou não tem mais nada o que fazer nessa vida. Era o fim que se aproximava e uma vozinha ficava dizendo na minha cabeça: Mata ela, mata ela!!! Deve ser assim que o Coringa vê o Batman, ou, sei lá...
Comi, sai cambaleando pela rua. Pra minha sorte o hotel ficava relativamente perto, mas como meus "interiores" estava se liquefazendo, resolvi ir de táxi. Baixei a guarda duas vezes. Na segunda, o taxista parou e me mandou descer do carro. Nem quis saber do dinheiro dos 200 metros que ele tinha andado! Tava anestesiado, mas pude perceber que eu quase causei perda total no carro do cara. Ainda fiquei bem pouco feliz em saber que além da queimação, da sensação de que eu viraria uma poça de pimenta no meio da avenida, os bons e velhos gases estavam de volta... Corri em direção ao hotel, tinha que encontrar a Deolinda, me postar aos seus pés e pedir por todos os santos do céu e da Bahia que me ajudasse. Cheguei na entrada do hotel e a vi, indo em direção ao fundo, disparei em sua direção e, em alguns segundos, não vi mais nada...
Arrebatamento e vergonha - Parte 03
Acordei deitado num quarto, numa cama, de roupão e cuecas, de banho tomado e havia uma senhora sentada perto. Quando me movi ela levantou os olhos na minha direção, sorriu e perguntou se eu estava melhor. Disse que achava que sim, mas não tinha certeza de nada ainda. Por uns 5 minutos fiquei feliz de saber que o céu não era um lugar tão ruim. Pelo que eu tava vendo era sim um grande hotel 5 estrelas e os caras lá colocavam até os espíritos mais velhos para cuidar das pessoas que lá chegavam. Mesmo triste por ter deixado na terra pessoas que me são caras, alguns que amo incondicionalmente e não pude me despedir de nenhuma delas, sentia uma sensação de alivio, de bem-estar, era como se eu ainda me sentisse preso às lembranças do passado, mas agora num nível de compreensão muito superior e isso com certeza se dava pelo clima ameno do ambiente e a paz que reinava naquele dia de calor gostoso.
Tentei me redimir de algumas bobagens que fiz e de muitas que falei, afinal, como eu havia despertado, logo estaria diante do chefe, do ser superior que havia criado o céu e a terra e dado a vida para que todos pudéssemos desfrutar dela com alegria e esperança. Sentia uma sensação estranha, mas ao mesmo tempo, essa dor que pertencia muito mais os espíritos não-evoluídos (onde eu acredito que me encaixo), me causava alívio. Me sentia cada vez mais leve e sereno.
Houveram vários ruidos ao longe, de um salto a senhora se pos em pé e caminhou em direção a janela, eu sentia pela vibração do ambiente, não só do ambiente, mas do mundo que nos cercava que era sinal algo muito grande e muito poderoso se aproximava. Senti medo, eu sabia que não ia ser fácil, passei uma vida toda desgarrada, vendo apenas os prazeres e não havia contruído nada, não segui as leis e muito menos fiz qualquer coisa que eu pudesse usar agora no afã de me defender duma possível punição.
Percebi que a senhora havia ficado um tanto agitada e que passara a andar de um lado para o outro do quarto. Esse era um sinal claro que ali seria o ponto onde toda a energia que se deslocava devagar iria parar. Minha maior frustração foi descobrir que nem naquele momento de medo eu era não capaz de rezar ou não sabia mais como rezar. A senhora me olhou candidamente nos olhos e disse: Você está bem, meu filho? Diante da minha afirmativa ela disse que havia chegado a hora de me deixar só, que afazeres muito mais importantes lhe aguardavam. Eu pedi a benção e lhe agradeci pelo carinho e pelos cuidados. Quando eu ia me preparar para dizer algumas palavras bonitas, ela simplesmente me deu as coisas e saiu, quase correndo, o que fez com que meu medo aumentasse. A energia que emanava por esse mundo crescia assustadoramente e eu vi com meus próprios olhos que até os espíritos mais velhos temem essa situação. Me ajoelhei, pedi pela minha alma, por todos os meus entes queridos que estavam ainda na terra e busquei uma posição de dominado, eu não queria enfrentar os olhos de fogo do criador do céu e da terra.
Busquei no meu íntimo por algo que poderia me salvar e implorei a essa energia que me dissesse algo que apaziguasse meus medos. Foi quando ouvi uma voz longe que dizia: Avisou, avisou... E vai rolar a festa, vai rolar.. o povo do beco mandou avisar...
Achei que tava ficando louco, mas eu podia jurar que Deus tinha a mesma voz da Ivete Sangalo. Corri pra janela, olhei pra fora e constatei que não era só a voz não. Deus era Ivete Sangalo!!! Claro! Explicava o porquê daquele sucesso todo, mas não amenizada em nada minha situação, achei que Deus, por ser mulher, ia aplicar a psicologia feminina nos meus erros e, aí sim, eu tava fodido! Fiquei atônito, pensei em partir pro outro lado, tive a intenção de rezar para o diabo para que ele me arrebatasse dali, porém logo me veio à cabeça que se no céu quem manda é a Ivete Sangalo, no inferno seria a Cláudia Leite!!! Cacete!!! Qual seria o órgão divino que o Carlinhos Brown tomava conta? Claro que não seria a minha salvação, mas quem sabe a solidariedade masculina fosse algo que viesse das divindades... Entrei em choque e caí sentado. A dor no cóccix me trouxe de volta. Céu o cacete! Eu tava em Salvador ainda, no meio de uma das maiores festas populares do planeta, no meio do Carnaval Baiano... E logo ali, a treze andares e uma entrada de distância (Ah! Eu não disse que tava no 13º andar???). Logo me dei conta que tava com uma faixa na cabeça e lembrei que, no momento de desespero, atravessei a porta de vidro do hotel com a cara e, claro, só posso ter desmaiado. Olhei pro calendário e vi que tinha se passado uma semana. Certamente fiquei desacordado esse tempo todo. Não podia??? Paguei pra viajar, me divertir e não por sonoterapia.
Tentei colocar a cabeça no lugar e sentei numa poltrona próxima. A dor foi tão lancinante que não tenho como descrever. Olhei pra baixo e vi, entrando em mim, uma sonda (que se assemelhava a uma mangueira de incêndio...) que era presa com esparadrapos. Dessa vez que me afastei e sentei, as porras dos esparadrapos resolveram todos descolar de uma vez, feito depilação, mas na região em que ele se encontravam a sensibilidade é maior... Quase chorei.
Me acalmei quando a senhora que estava no quarto retornou e disse pra ela que estava confuso e perdido nos acontecimentos. Ela se sentou, pegou na minha mão e disse:
- Rapaz, você ficou desacordado por uma semana, quebrou o vidro do hotel, agarrou a Dona Deolinda pelo pescoço e gritava dizendo que só ela podia te salvar. Os seguranças acudiram, mas você estava tão fora de si que quebrou quase toda a recepção do hotel, foi preciso a polícia para detê-lo. Depois você passou mal e foi levado ao hospital. Pra sua sorte, o médico que te atendeu é NETO da dona Deolinda e constatou logo que você estava com entupimento retal e tratou de pôr uma sonda pra te aliviar (Aliviar? Sei...). O povo do hotel te trouxe de volta e desde esse dia você está aí desacordado.
Eu não acreditava no que tava ouvindo, fui viajar pra fugir da loucura do dia-a-dia e fiz só loucura... Se tivesse um buraco eu enfiaria a cabeça lá e não sairia mais! Cada nova informação que essa tia me dava, mais eu sentia vontade de sumir da terra.
Terminou o diálogo dizendo:
- E agora você me dá licença que já passei tempo demais cuidando de doido.
Acho que nunca senti tanta vergonha na vida. Logo eu, que sou um cara centrado, que busca passar discretamente pela vida, fiz coisas que jamais imaginei.Dei sorte de não ser internado como louco e extraditado pra São Paulo. Assim que a senhora saiu, tratei de ligar na companhia aérea e marcar minha passagem de volta para duas horas depois, pedi o fechamento da conta do hotel, fiz as malas e saí de fininho, descendo pela escada e pela entrada de serviço. Prometi pra mim mesmo que nunca mais volto lá e nunca mais viajo sozinho pra lugar nenhum.
Cheguei no aeroporto, fiz o check-in e ouvi uma voz que me disse: "Esperamos que tenha apreciado sua estadia em nossa cidade e aguardamos ansiosos a sua volta. Tenha um bom vôo!"
Estadia??? Minha volta??? Nunca mais! Hehehehehehehehe.
HAHAHAHAHAHAHA!!!AHAHAHAHAHAHA!!!HAHAHAHAHAHAHA!!!HAHAHAHAHAHAHA!!!HAHAHAHAHAHAHA!!!HAHAHAHAHAHAHA!!!HAHAHAHAHAHAHA!!!HAHAHAHAHAHAHA!!!HAHAHAHAHAHAHA!!!HAHAHAHAHAHAHA!!!HAHAHAHAHAHAHA!!!HAHAHAHAHAHAHA!!!
ResponderExcluirJorge, imagino você num stand-up comedy... Hahahahahahahah! Cagaria de rir, cacete! Muito bom o jeito que você conta e explicita as coisas! Dores musculares faciais até agora pela saga carnavalesca da bostaiada! Hahahaha! PQP! Na próxima viagem, me leve! Hahahaha!
Beijos.
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk tem coisas que só acontecem com você!!!! precisa ir em uma mãe de santo!
ResponderExcluirhsiauhsiuahsiahsa
bjs
www.programaestressadas.blogspot.com
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk nao consigo parar de rir ....e vai rolar a festa....Jorge achei q coisas desse tipo so aconteciam com mineiros kkkkkkkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirAi, ai, ai, ai... rí demaaaaaaaais... tô no trabalho pô, vc num pode fazer isso comigo... Outra visão daquelas q só vc me proporciona: JP de bermuda florida comendo acarajé apimentado... CAaaaaaaaaaara... kkkkkkkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirPorra J, vamo faze um som pro Ódio com essa historia!
ResponderExcluirDemorou heim Blx.. gostei da idéia, heheheheheh
ResponderExcluirKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
ResponderExcluirMorri de rir!!! É mto bom o jeito que vc conta as suas sandices!